quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ana Pérez-Quiroga

Inauguração: Sexta-feira 14 Outubro às 22h00
Patente até 12 Novembro
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Curadoria João Silvério


 
















The world in its true colors/ O mundo nas suas verdadeiras cores, 2011

Este projeto de Ana Pérez-Quiroga propõe-nos uma ação participativa que expõe o fator económico – fundamental em qualquer processo de materialização e transação de bens – numa relação direta entre o espectador/fruidor da obra de arte e a sua intervenção como agente de mercado, constituindo-se como agente do investimento económico necessário para a realização desta obra específica. O espectador assume assim uma condição dúplice no sentido em que é o motor financeiro e simultâneamente o meio de realização plástica e poética deste projeto.
João Silvério

A obra é constituída por 225 tiras de seda (100%) de 75 cores diferentes que se repetem 3 vezes. Cada tira de seda tem 36x200cm e tem bordado APQ em diferentes cores.
A obra divide-se em três conjuntos que formam uma totalidade. Um primeiro conjunto, que será vendido na integra a um colecionador, um segundo, pertencente à artista, e um terceiro cujas 75 tiras de seda serão vendidas à unidade. Cada tira de seda tem o preço de 60 euros.
Este terceiro conjunto tem por base uma ideia de sustentabilidade da arte, que passa pela convocação à participação ativa do espectador, que através da transação económica se torna simultaneamente co-autor e investidor.
O objectivo é o de chamar os espectadores a participar na construção da obra, como parceiros do projeto através da aquisição de uma tira de seda. Esta é então apropriada pelo comprador que, através do seu uso, confere uma nova dimensão ao objecto. A tira de seda pode ser emoldurada ou usada como écharpe e esta união entre pessoa e objecto recria-se numa “escultura viva”.
Ao adquirir a tira de seda o comprador está também a contribuir para o financiamento da obra, que irá ser finalizada na publicação de um livro. Os compradores enquanto grupo tornam-se assim investidores neste projeto.
Tendo em vista a posterior publicação de um livro, no ato de compra pede-se a cada participante para responder à pergunta: “Porque escolheu esta cor?” justificando assim qual a relação que tem com a cor escolhida. É também desejável, mas não obrigatório, que o participante se identifique. A identidade do comprador transforma-o em co-autor, como se de uma assinatura se tratasse.
A assinatura, única, permite a apropriação da tira de seda pelo comprador, agora co-autor. A obra continua a existir fora da galeria, contaminando o espaço público. A sua durabilidade contribui para a sua validação enquanto objecto artístico, no contexto de uma economia de mercado dentro da dinâmica da oferta e da procura.
A compra da tira de seda é o ato performativo pelo qual o comprador se torna co-autor e investidor. A partir deste momento o co-autor / investidor pode levar a sua tira de seda.
Enquanto investidor, o comprador, vai possibilitar a concretização de um livro de artista com a tiragem de 225 exemplares. O livro incluirá o mapeamento cromático dos 75 participantes (resposta à pergunta: “Porque escolheu esta cor?”), os textos do curador, do gestor cultural e da artista.
Os co-autores partilham com o autor a responsabilidade do projeto artístico. Não só adquirem uma peça e um livro, como são eles que através de um processo económico dão sentido à obra. A tira de seda percorre uma série diferenciada de estados - o objecto de produção industrial, a obra exposta, o registo do processo em livro – devido à ativação de vários procedimentos e tomadas de decisão do autor e dos seus co-autores que se associam pelo ato da compra.
Ana Pérez-Quiroga

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