Fruto de uma prática persistentemente enraizada num diálogo estreito com os seus pares e do desenvolvimento de parcerias e colaborações com outros artistas, Julião Sarmento foi reunindo, ao longo da sua vida, um conjunto significativo de obras que espelham, de forma muito categórica, essa teia viva de relações e afinidades.
O seu duplo estatuto de artista e coleccionador (do qual sabemos, se alimenta, em grande medida, a sua obra) suporta a construção de um olhar, ou melhor, de uma particularidade do olhar – a sua condição felina, voraz, perscrutadora, ávida (como descrita por Susan Sontag na sua obra “The Volcano Lover. A Romance”).
A este propósito, na exposição agora concebida por Ana Anacleto, que se desdobra pelos primeiro e segundo pisos da Galeria – tanto através da criação de pequenos núcleos dialogantes, quanto da natural formação de eixos tensionais – são apresentadas obras de Marina Abramovic, Francis Alÿs, Michael Biberstein, Fernando Calhau, Luca Cambiaso, Rui Chafes, Alexandre Estrela, Nan Goldin, Thomas Hirschhorn, Rita McBride, Jorge Molder, Matt Mullican, Juan Muñoz, Bruce Nauman, Ernesto Neto, Tobias Rehberger, Gerhard Richter, Ed Ruscha, Juan Carlos Savater, Rosemarie Trockel, Lawrence Weiner e Erwin Wurm.